Crónicas do Quotidiano

Avenida do Mar

De margem única, prolongada entre a incógnita do que está por chegar e uma cidade entregue ao adiamento, alonga-se o eixo plano a um só fôlego. A via abriu-se sobre o ponto de encontro, ligando o Oriente ao berço escarpado da memória, onde os ilhéus… Ler | Read »Avenida do Mar

Barreirinha

O penhasco resiste, heroico, à teimosa investida das vagas. A casa do orago, refeita ao gosto das viragens das centúrias e dos caprichos das desgraças, serve de mirante ponderado ao habitar que se estende em emaranhados de rua. Ao lado, o forte do mesmo São… Ler | Read »Barreirinha

Almirante Reis

O arado dos séculos não havia de poupar lugares. Naquele que hoje é espaço de lazer já se ergueram os tabuados das casas de mercantes e pescadores, os muros de defesa e as muralhas de um forte. Teve nome de associação benemérita, de rei assassinado… Ler | Read »Almirante Reis

Fernão de Ornelas

Uma encruzilhada urbana, destinada a ser plataforma longitudinal às rotinas que se fazem cumprir. A alma, cobiçosa, recusa a indolência de dias santos com a arrogância de um descrente. Lá, onde a rua se faz artéria de um coração difuso, cada porta é uma inevitabilidade… Ler | Read »Fernão de Ornelas

Miradouro das Neves

Diante de nós, no regaço da arcaica devoção, a majestade de dois apaixonados: a cidade e o mar. O horizonte deixa-se traçar pela luz, fazendo-se vale e montanha para deleite do Atlântico, assim interrompido em sua uniformidade. Pelo fio recortado da costa, em trejeitos de… Ler | Read »Miradouro das Neves

Mercado dos Lavradores

A sobriedade imponente do edifício esconde uma profusão de tonalidades, formas e ruídos. O Mercado é uma criatura sem tempo, um organismo maleável aos desejos de cada germinação, como responso pronto ao desafio de um despique. Na praça central, entre as fanfarrices de vozes desfasadas,… Ler | Read »Mercado dos Lavradores

Cais

Em jeito de passadeira de entrada na familiaridade de um lar, o Cais da Cidade prolonga o existir mar adentro, como braço reticente entre o abraço da chegada e o adeus da partida. Ali perto, em pedestal de mito, Zarco suporta a espera vã. Crónica… Ler | Read »Cais

Livraria Esperança

A aventura começa aqui, à porta de todos os reinos – nessa sede labiríntica que se esgota entre duas estantes. Como força de um Moisés ladeado por muralhas de mar, atravessando a pé enxuto a largueza do Universo em busca de terra prometida – ali,… Ler | Read »Livraria Esperança

A Calçada de Santa Clara

A inclinação da rua não desmente a subida. Ao alto, debaixo da torre forrada a azulejos, alongam-se telhados rasurados pela punição de cinco séculos. Santa Clara, acrópole de um começo, perdura à superfície do novo século – contradição pura, como criança que corre à sombra… Ler | Read »A Calçada de Santa Clara

O Jardim Municipal

Os ramos do plátano servem de dossel ao vazio que outrora foi altar. A presença do convento demolido faz-se sentir em cada curva de canteiro, entre ladainhas de verde e salmos floridos, como liturgia absoluta. O velho claustro ganhou as paredes maiores de uma basílica… Ler | Read »O Jardim Municipal