Barreirinha

O penhasco resiste, heroico, à teimosa investida das vagas. A casa do orago, refeita ao gosto das viragens das centúrias e dos caprichos das desgraças, serve de mirante ponderado ao habitar que se estende em emaranhados de rua. Ao lado, o forte do mesmo São Tiago reveste-se da cor do Sol que vê nascer sobre a mesa azul de um outro templo. De bastante serve a pequena altura, enganadora nos regressos de quem se aventura a subir ao encontro da torre arábica – orgulhosamente só, no branco da sua cúpula cheia, soluçando hiatos sobre o casario envelhecido. Os pequenos largos sobrevivem às faltas que se vão fazendo entre os sossegos, desmentindo o número da porta e a ausência escondida em soalhos mudos e quebrados.

Fim de tarde (lento como o navio que chega). O basalto que fica vai-se despedindo da luz. Ali perto, no muro que contorna o fim do mundo, um casal anima o calor das mãos em parêntesis entregue ao chapiscar de um derradeiro mergulho de mar.