A aventura começa aqui, à porta de todos os reinos – nessa sede labiríntica que se esgota entre duas estantes. Como força de um Moisés ladeado por muralhas de mar, atravessando a pé enxuto a largueza do Universo em busca de terra prometida – ali, ao alcance da vontade. E os oásis multiplicam-se, juram-se em porções de desconhecido. Colunas de fogo penduradas em diâmetros de espera, sem prazo ou data de validade.
A Esperança eleva-se como panteão dos deuses sem nome. Na sala seguinte, o contorno oblíquo de um livro semiaberto no namoro que ficou por cumprir (caprichos da soma ingrata de três preços de capa e duas bicas matinais). Tanto mar, tão pouco tempo para navegar. Os minutos esquecem-se às dúzias; são folhas caídas na floresta da consciência, onde o livro encontrado se entrega à glória da inércia do corpo como senhor e mestre de um império. Lá fora, longe do arcano da demanda e da agonia da escolha, o dia suspende a crença, para desdém da boleia perdida.